quarta-feira, 31 de março de 2010

Sacrifícios...

A quaresma está chegando ao fim e é hora de fazer uma avaliação deste período, ou seja, das minhas intenções de domínio da vontade e esforço para ser uma pessoa melhor.

Foi um período muito rico espiritualmente em que estive com a percepção e a intuição muita aguçadas talvez pelas privações.

Não comer carne não foi em nenhum momento um grande sacrifício, até me senti melhor e mais leve e talvez eu nem volte a comer carne. Não me faz falta, não tenho vontade.

Contudo, como este não foi exatamente um desafio, a própria vida me forçou a me submeter a uma privação muito mais difícil para mim. Fui na gnecologista porque estava tendo uns sangramentos fora de hora e ela disse que era porque meu endométrio estava muito fino por causa de eu tomar pílula há um bom tempo. Disse para eu parar com a pílula por um mês que o problema seria resolvido. Mas para uma pessoa preocupada como eu, ficar sem tomar a pílula significa ficar sem sexo também. rs E isso foi realmente difícil! Parece que a falta da pílula (ou a abstinência mesmo) levou minha libido pras alturas e fiquei subindo pelas paredes o mês todo. rs Na verdade, ainda estou. rs

Contei para meus amigos mais íntimos e meus ficantes sobre o período de abstinência e é claro que eles me tiraram sarro e me recomendaram muitas alternativas possíveis, mas eu não estava a fim de arriscar mesmo! rs

Funciona mais ou menos assim. Eu sempre tive uma intuição de que não deveria ter um celular pós-pago porque isso me causaria problemas e aí um mês que mudei de casa e ía ficar sem telefone fixo e a operadora me ofereceu uma boa proposta de celular pós-pago resolvi aceitar, mesmo com receio. E o que aconteceu? Meu celular foi clonado, já no primeiro mês e veio uma conta astronômica. Essa questão demorou pra ser resolvida e me causou muita dor de cabeça. Portanto, em relação a abstinência é melhor eu seguir minha intuição ou seja, respeitar meu medo, ao menos que eu queira ter um bebê. rs

A outra intenção para o período era me aproximar mais das pessoas, estar mais aberta a vida social, fazer mais amigos. E parece que quando a gente deseja algo assim, o universo conspira a nosso favor. Muitas pessoas se aproximaram de mim nas últimas semanas, conheci pessoas, fiz amigos, alguns bastante especiais e isso é algo que que quero manter. Além disso, choveu na minha horta. rs Está certo que foi chuva de pedra, mas não causou muitos estragos. rs Mas eu já sabia que só porque não "tava podendo" muitos pretendentes íam surgir. Contudo, eu não fiquei com ninguém neste período pra evitar tentações maiores. Só saí pra jantar com alguns pretendentes. Até achei, por algumas semanas, que um deles era o homem perfeito pra mim, mas a ilusão durou pouco... Eu e meu olho crítico :( Os muitos critérios eliminatórios e as roubadas anteriores em que já entrei fazem com que eu seja cuidadosa talvez até em excesso. Mas melhor assim que se decepcionar mais tarde, como já aconteceu tantas outras vezes...


domingo, 7 de março de 2010

A balada GLS ou "Diga que você é hetero".

Ontem fui na balada mais inusitada da minha vida: uma balada GLS (sei que não se usa mais esse termo, mas prefiro este, pois me enquadro no "S" rs).

Meu amigo gay me convidou, depois de uma série de rodeios. Mas estava super preocupado comigo, tentou me preparar antes me contando como era e na hora que chegou a minha casa falou que seu não me sentisse bem lá, a gente vinha embora a hora que eu quisesse. Eu disse pra ele não se preocupar que eu ía gostar e perguntei o que ele achava que eu era, uma santinha ingênua? E o amigo dele respondeu: Uma bonequinha de porcelana. rss Além do Leandro, foram mais 3 amigos dele, todos gays e muito legais.

A balada se parece com as outras: tem os bares, as pistas e os palcos. O que faz a diferença são os frequentadores. A grande maioria eram homens gays. Alguns travestis, uma drag queen, poucas mulheres lésbicas e alguns heteros (homens e mulheres). Outra diferença é que tinha muitos homens sem camisa, mostrando os músculos que passam horas escupindo na academia. Está certo que estava muito calor e eu também ficaria sem se pudesse, mas o Leandro achou isso "desgusting" e disse que da próxima vez vai me levar em uma outra balada de nível mais alto. rs Estava bem lotado e as músicas eram ótimas, as pessoas dançavam bastante.

Tinha dançarinos musculosos dançando de sunga, fotos sensuais de homens bonitos nos telões e um show com a traveca mais famosa de Campinas. O show foi engraçadíssimo.

Eu que nunca tinha visto dois homens se beijando ontem vi mais de 100. rss Algumas mulheres também. E não eram só beijos, eram amassos bem quentes em público. Os amassos entre os caras são bem diferente do que ocorre entre um homem e uma mulher. Eles são gays, mas na essência são homens, portanto a pegada é bem mais forte, mais agressiva e mais sexual também.

Dancei muito e fiquei com um hétero. Todo mundo me pergunta o que ele estava fazendo lá: ele estava com um pequeno grupo de amigos héteros. Eles disseram que vão pra ver as mulheres se pegando e sempre tem mulheres hetero ou pelo menos bi. O cara que fiquei era um japinha bonito, engraçado e bacana. Ele disse que teve sorte de me achar lá e eu ser hetero e eu respondi: mas vc ainda não percebeu que eu sou traveca? rss

Uma hora um cara chegou por trás e falou no meu ouvido: Diga que você é hetero! (hahaha) Essa era a pergunta que eu queria fazer a todos os caras lindos de lá e eram muitos, mas eu já sabia que não ía gostar da resposta. rs De certa forma, era frustrante ver tantos homens bonitos gays. Achei muito engraçado e respondi: eu sou! mas devo ser a única por aqui. rs E ele me disse que também era. Conversei com uns quatro caras heteros durante a noite. Meus amigos gays falavam: este é hetero, pode paquerar. rss Mas mesmo eles se enganaram: um que tínhamos certeza que era hétero, estava beijando um cara no final da festa.

Dancei bastante, me diverti muito e meus amigos gays disseram que vão me convidar sempre, que vou ganhar a carteirinha.

Ficaram me tirando sarro que não era possível eu ter ido numa balada GLS e não ter sido cantada por nenhuma mulher. Mas na hora que estávamos saindo senti alguém apertar meu braço de leve e olhando pra trás vi que era uma loura que sorriu pra mim. Acho que eles nem perceberam.

Cheguei em casa com o dia clareando já...

Só uma coisa me deixou triste, o Leandro confessou que foi pra várias baladas GLS em Barcelona e não me convidou apenas pra não ter que me contar o que eu já sabia, que ele era gay. Achava que o ambiente iria me chocar. Mas na verdade, eu adorei. Fiquei realmente feliz por saber que existem lugares democráticos em que os gays podem fazer o que qualquer casal hétero faz em público.