domingo, 7 de março de 2010

A balada GLS ou "Diga que você é hetero".

Ontem fui na balada mais inusitada da minha vida: uma balada GLS (sei que não se usa mais esse termo, mas prefiro este, pois me enquadro no "S" rs).

Meu amigo gay me convidou, depois de uma série de rodeios. Mas estava super preocupado comigo, tentou me preparar antes me contando como era e na hora que chegou a minha casa falou que seu não me sentisse bem lá, a gente vinha embora a hora que eu quisesse. Eu disse pra ele não se preocupar que eu ía gostar e perguntei o que ele achava que eu era, uma santinha ingênua? E o amigo dele respondeu: Uma bonequinha de porcelana. rss Além do Leandro, foram mais 3 amigos dele, todos gays e muito legais.

A balada se parece com as outras: tem os bares, as pistas e os palcos. O que faz a diferença são os frequentadores. A grande maioria eram homens gays. Alguns travestis, uma drag queen, poucas mulheres lésbicas e alguns heteros (homens e mulheres). Outra diferença é que tinha muitos homens sem camisa, mostrando os músculos que passam horas escupindo na academia. Está certo que estava muito calor e eu também ficaria sem se pudesse, mas o Leandro achou isso "desgusting" e disse que da próxima vez vai me levar em uma outra balada de nível mais alto. rs Estava bem lotado e as músicas eram ótimas, as pessoas dançavam bastante.

Tinha dançarinos musculosos dançando de sunga, fotos sensuais de homens bonitos nos telões e um show com a traveca mais famosa de Campinas. O show foi engraçadíssimo.

Eu que nunca tinha visto dois homens se beijando ontem vi mais de 100. rss Algumas mulheres também. E não eram só beijos, eram amassos bem quentes em público. Os amassos entre os caras são bem diferente do que ocorre entre um homem e uma mulher. Eles são gays, mas na essência são homens, portanto a pegada é bem mais forte, mais agressiva e mais sexual também.

Dancei muito e fiquei com um hétero. Todo mundo me pergunta o que ele estava fazendo lá: ele estava com um pequeno grupo de amigos héteros. Eles disseram que vão pra ver as mulheres se pegando e sempre tem mulheres hetero ou pelo menos bi. O cara que fiquei era um japinha bonito, engraçado e bacana. Ele disse que teve sorte de me achar lá e eu ser hetero e eu respondi: mas vc ainda não percebeu que eu sou traveca? rss

Uma hora um cara chegou por trás e falou no meu ouvido: Diga que você é hetero! (hahaha) Essa era a pergunta que eu queria fazer a todos os caras lindos de lá e eram muitos, mas eu já sabia que não ía gostar da resposta. rs De certa forma, era frustrante ver tantos homens bonitos gays. Achei muito engraçado e respondi: eu sou! mas devo ser a única por aqui. rs E ele me disse que também era. Conversei com uns quatro caras heteros durante a noite. Meus amigos gays falavam: este é hetero, pode paquerar. rss Mas mesmo eles se enganaram: um que tínhamos certeza que era hétero, estava beijando um cara no final da festa.

Dancei bastante, me diverti muito e meus amigos gays disseram que vão me convidar sempre, que vou ganhar a carteirinha.

Ficaram me tirando sarro que não era possível eu ter ido numa balada GLS e não ter sido cantada por nenhuma mulher. Mas na hora que estávamos saindo senti alguém apertar meu braço de leve e olhando pra trás vi que era uma loura que sorriu pra mim. Acho que eles nem perceberam.

Cheguei em casa com o dia clareando já...

Só uma coisa me deixou triste, o Leandro confessou que foi pra várias baladas GLS em Barcelona e não me convidou apenas pra não ter que me contar o que eu já sabia, que ele era gay. Achava que o ambiente iria me chocar. Mas na verdade, eu adorei. Fiquei realmente feliz por saber que existem lugares democráticos em que os gays podem fazer o que qualquer casal hétero faz em público.


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